COMO O SABÃO AJUDA NO COMBATE AO CORONAVÍRUS COVID-19?

A história da humanidade é permeada de grandes invenções que mudaram completamente a vida e o rumo da história. Armas nucleares, a roda, a internet… são incontáveis objetos. Alguns deles mudaram o estilo e a qualidade de vida do homem como o sabão, que surgiu por volta de 2800 anos a.C, e nos dias atuais, em plena pandemia, é um produto essencial para ajudar na sobrevivência da humanidade. Portanto, veja como surgiu o sabão como conhecemos hoje e como ele ajuda no combate ao novo coronavírus COVID-19. Confira!

Nada como um bom banho e usar aquela roupa cheirosinha para nos dar aquela sensação agradável de limpeza, não é mesmo? E para satisfazer essa necessidade de higiene e limpeza, as indústrias químicas farmacêuticas fabricam e comercializam anualmente toneladas de produtos para a higiene pessoal.

Os principais produtos dessa indústria são os sabões e os detergentes. Deles derivam os sabonetes, os shampoos, os cremes dentais, os sabões especiais para máquinas de lavar louça e roupas, os detergentes desinfetantes, o sabão comum, entre outros. Mas, sem dúvida alguma, o sabão comum é o mais antigo destes produtos.

E em tempos de pandemia, como a que estamos vivendo neste século XXI, a higiene com água e sabão mostra-se eficaz no combate ao novo coronavírus COVID-19. Então, entenda como surgiu o sabão, como ele age para realizar a limpeza e combater o vírus.

 

SABÃO: UM ANTIGO CONHECIDO

 

O processo para se obter o sabão é uma das mais antigas reações químicas. Surgiu de forma gradual, ao longo da história da humanidade, e sua produção é uma das atividades mais antigas realizadas pelo ser humano.

Não se sabe precisamente a sua origem, mas há indícios de que já na pré-história o ser humano fazia uso do sabão, mesmo não sabendo da importância que um dia este produto teria para toda a humanidade.

Suspeita-se que sua origem foi a partir da prática de se ferver gordura animal contaminada com cinzas. Assim uma espécie de coalho se formava durante o processo. O primeiro uso documentado do sabão não foi para higiene pessoal, mas sim para a limpeza e processamento de couro de animais e lã de ovelhas. O sabão era produzido da mistura de gordura de carneiro e das substâncias solúveis em água contidas nas cinzas de pequenos arbustos.

Segundo uma antiga lenda romana, a palavra “sabão” teve sua origem no Monte Sapo, próximo à Roma, na Itália, onde animais eram oferecidos em sacrifício para os deuses. A gordura dos animais imolados no fogo misturava-se com as cinzas dos altares de sacrifício. Esta mistura escorria para o solo nas proximidades de rios e as mulheres, ao lavarem roupas, sentiam uma maior facilidade em limpá-las quando estavam em contato com a nova substância.

Há também outra vertente que diz que o sabão teve sua origem 600 a.C, onde os antigos fenícios ferviam gordura de cabra com água e cinzas de madeira até obter uma mistura pastosa. A mistura se espalhou pelos países do Mediterrâneo e chegou até a Grã-Bretanha, onde os celtas o batizaram de saipo, dando origem à palavra “sabão”.

Apesar das teorias conflitantes sobre a descoberta do sabão, os primeiros registros de um material semelhante ao sabão atual foram encontrados na região da antiga Babilônia, que hoje corresponde à região do Iraque, onde foram achados em escavações cilindros de argila de aproximadamente 2800 a.C. contendo um material saponáceo; em um deles está gravada uma receita em que são fervidas gorduras e cinzas.

 

 

Assim, os primeiros sabões eram misturas de gorduras de animais (sebo –  como o material graxo) e com as cinzas de madeiras (que possuem substâncias alcalinas). Caso não houvesse cinzas, evaporavam-se as águas de rios que costumavam ser alcalinas, como as águas do rio Nilo, no Egito.

O sabão sólido, porém, só foi criado no século VII, quando os árabes inventaram o chamado processo de saponificação, a partir da fervura de uma mistura de soda cáustica, gordura animal e óleos naturais. Durante a ocupação árabe da Península Ibérica, os espanhóis aperfeiçoaram a invenção acrescentando azeite de oliva para perfumá-la. Até então ele só era conhecido na Europa pela nobreza espanhola, italiana, francesa e inglesa. Diz a lenda que quando os nobres presenteavam autoridades de outros países com sabonetes, enviavam junto uma bula, para explicar seu uso.

Somente no século IX, o sabão é vendido, como produto de consumo na França, onde também surge, nesta época, mais especificadamente na cidade de Marselha, o primeiro sabão industrializado. Pouco tempo depois, na Itália, nas cidades de Savona, Veneza e Gênova surgem outras indústrias de sabão. Na Inglaterra, Bristol e Londres concentravam a fabricação do produto. No restante da Europa, o sabão era praticamente desconhecido.

Só alguns anos mais tarde, através do químico francês Michel-Eugène Chevreul (1786-1889), foi possível constatar que a formação do sabão se dava em virtude de uma reação química.

O sabão só se tornou um produto do dia-a-dia a partir do século XIX, quando começou a ser fabricado sabão em larga escala quando o químico francês Nicolas Leblanc (1742-1806) descobriu como fabricar o carbonato de sódio, denominado barrilha, reagindo o cloreto de sódio presente no sal comum de cozinha, com a gordura. Isso foi um avanço porque a barrilha era bem mais barata e o sal existe em grande quantidade.

Em meados de 1878, Harley Procter e James Gamble, dos Estados Unidos, conseguiram produzir o sabonete.

Procter havia herdado de seu pai uma fábrica de vela e sabão e queria inovar em seus produtos para concorrer com os sabões finos e corrosivos vindos de outros países.

Pensando nisso, o químico James Gamble, primo de Procter, conseguiu elaborar uma fórmula e fabricar o que inicialmente era chamado de sabão branco, esse possuía característica agradável, era abundante em espuma, apresentava textura uniforme e aroma suave.

Um trabalhador da fábrica que tinha a função de observar os tanques contendo sabão paralisou sua atividade para almoçar, mas não desligou a máquina que fazia a mistura. Em decorrência do descuido houve um acréscimo extra de ar no sabão. Depois do ocorrido o material que deveria ser descartado foi lançado nas formas para ganhar consistência e seguiu para o local do corte.

Ao chegar ao consumidor houve grande satisfação, pois, a quantidade de ar presente no sabão não permitia que ele afundasse e a fábrica recebeu milhares de cartas pedindo mais do produto. Quando descobriram que o desenvolvimento do sabão ocorreu de forma involuntária, em um ato acidental, Procter pediu que a partir daquele momento fosse inserida uma quantidade maior de ar.

No Brasil, a difusão e produção do sabão demorou mais tempo, mas em 1860 já existiam fábricas de sabão em todas as cidades importantes.

Atualmente consumimos uma enorme quantidade de produtos derivados de sabões em nosso cotidiano e seu uso já se tornou questão de higiene, necessidade e até de saúde.

 

 

 

COMO O SABÃO É PRODUZIDO?

 

A produção do sabão se dá através de uma reação entre um ácido graxo (gorduras e óleos de origem vegetal ou animal) com um material alcalino, isto é, de caráter básico (hidróxido de sódio – NaOH) que, ao reagirem, realizam o processo de saponificação.

Quimicamente falando, óleos e gorduras são tri-ésteres formados a partir de ácidos carboxílicos com cadeias carbônicas longas, conhecidos por ácidos graxos. Esses ácidos são, em geral, monocarboxílicos (apresentam apenas um radical carboxila: -COO-), e formam os chamados glicerídeos, que pertencem à família dos lipídios.

Sendo os óleos e gorduras classificados como ésteres, eles sofrem reação de hidrólise ácida ou básica. A hidrólise ácida produzirá somente o glicerol e os ácidos graxos constituintes. Já a hidrólise básica (presença de NaOH), comumente chamada de reação de saponificação, produzirá o glicerol e os sais desses ácidos graxos. O sabão são estes sais de sódio e ácido carboxílicos de cadeia longa.

 

A glicerina (ou glicerol) é um subproduto da fabricação do sabão. Ela é utilizada tanto por fabricantes de resina e explosivos como pela indústria de cosméticos. Devido a isso, seu preço, depois de purificada, pode superar o do sabão.

 

 

 

COMO O SABÃO LIMPA?

 

Tanto sabões quanto detergentes servem, principalmente, para livrar-nos da incômoda sujeira. Mas, de que é composta a sujeira? Na maioria das vezes, ela é constituída por óleos ou gorduras, acompanhadas ou não por microrganismos ou outras substâncias apolares ou pouco polares como pó, restos de alimentos, etc.

Dessa forma, a água, apenas, não consegue remover certos tipos de sujeira, assim o sabão exerce um papel importante na limpeza, pois consegue interagir tanto com substâncias polares quanto apolares.

Essa dupla interação se deve ao fato do sabão possuir duas partes, a extremidade carboxílica (-COO polar) que é solúvel em água, sendo chamada de hidrofílica e a outra parte que é a cadeia longa, hidrocarbônica (apolar) que é solúvel em óleos sendo chamada de hidrofóbica.

 

 

Ao se lavar uma superfície suja de óleo com sabão, por exemplo, forma-se micelas. Uma gotícula microscópica de gordura é envolvida por moléculas de sabão, orientadas com a cadeia apolar direcionada para dentro (interagindo com o óleo) e a extremidade polar para fora (interagindo com a água).

A formação da micela minimiza a repulsão entre as cadeias hidrocarbônicas e as moléculas de água, permitindo a dispersão da gordura no ambiente aquoso. A água usada para enxaguar a superfície interage com a parte externa da micela, que é constituída pelas extremidades polares das moléculas de sabão. Assim, a micela é dispersa na água e levada por ela, o que torna uma fácil remoção com auxílio do sabão as sujeiras polares e apolares.

 

COMO O SABÃO AJUDA NO COMBATE AO CORONAVÍRUS COVID-19?

 

Coronavírus é o nome de uma família de vírus que têm uma estrutura em formato de coroa. Eles causam infecções respiratórias e já provocaram outras doenças.

Em geral, eles circulam apenas entre animais como morcegos e roedores, mas passam a infectar também as pessoas quando a convivência é muito próxima e os vírus sofrem mutações espontâneas e aleatórias.

A doença causada pelo novo coronavírus recebeu o nome de Covid-19. Ela foi descoberta no final de dezembro de 2019, na China.

A família coronavírus é conhecida desde 1960. Outras doenças provocadas por este tipo de vírus são a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers).

Sabe-se que microrganismos nocivos à saúde, como o coronovírus, encontram-se em toda a parte, principalmente onde existe sujeira. Por isso, uma das principais medidas de prevenção ao coronavírus indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é lavar as mãos com água e sabão.

Pois, o sabão, por ser uma substância que quebra a gordura, consegue destruir o envelope viral – parte externa do vírus composta justamente por gordura, matando esses organismos.

Assim, uma gota de sabão comum diluída em água é suficiente para romper e matar muitos tipos de bactérias e vírus, incluindo o novo coronavírus.

O vírus, quando está na mão de uma pessoa, fica protegido por outros produtos biológicos, como resto de células. Esses produtos biológicos tornam possível que o vírus viva mais tempo fora do corpo.

Mas quando você lava as mãos com água e sabão, cerca qualquer microrganismo em sua pele com moléculas de sabão. As caudas hidrofóbicas das moléculas de sabão tentam evitar a água; no processo, elas se embrenham nos invólucros lipídicos de certos micróbios e vírus, rompendo-os.

Proteínas essenciais vazam das membranas rompidas para a água circundante, matando as bactérias e inutilizando os vírus.

Em conjunto, algumas moléculas de sabão interrompem as ligações químicas que permitem que bactérias, vírus e sujeira grudem nas superfícies, retirando-os da pele. As micelas também podem se formar em torno de partículas de sujeira e fragmentos de vírus e bactérias, prendendo-os em gaiolas flutuantes. Quando você enxágua as mãos, todos os microrganismos que foram danificados, presos e mortos por moléculas de sabão se vão.

 

De acordo com Flavio Fonseca, virologista da UFMG, a parte mais externa do coronavírus é uma camada de gordura e o sabão desmancha essa camada e mata o vírus.

O virologista explica que um vírus sozinho, em água, por exemplo, sobrevive muito pouco tempo. Então o sabão age destruindo esses materiais biológicos e expondo o vírus. Quando ele faz isso, o vírus perde essa proteção de material biológico que fica naturalmente nessas gotículas de saliva e ele fica exposto aos raios ultravioleta do sol, por exemplo, e pode ser destruído rapidamente.

Dessa forma, o sabão é mais do que um protetor pessoal; quando usado corretamente, torna-se parte da segurança comum. No nível molecular, ele desmancha as coisas, mas, no nível da sociedade, ajuda a manter tudo unido. Lembre-se disso da próxima vez que tiver vontade de ignorar o processo: a vida de outras pessoas está em suas mãos.

 

 

 

COMO PREVENIR O CONTÁGIO?

 

A limpeza com água e sabão é uma das principais práticas de saúde pública que podem diminuir significativamente a taxa de uma pandemia e limitar o número de infecções, evitando uma sobrecarga desastrosa de hospitais e clínicas. Mas a técnica só funciona se todos lavarem as mãos com frequência e minuciosamente:

 

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Comments

  1. Joyce

    O sabonete é fundamental no nosso dia a dia e agente nem tem ideia que ele carrega tanta história junto dele . Tantas coisas descobertas ” sem querer ” mudaram a história da humanidade e se tornaram imprescindível pra nossa saúde e atualmente até pra nossa sobrevivência como é o caso do sabonete.

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