Desde 1950, a indústria brasileira vem desenvolvendo soluções para evitar o mau odor corporal quando suamos, o temido CC. E em um país tropical como o nosso, logo os desodorantes, antitranspirantes e antiperspirante tornaram-se imprescindíveis, sendo o segundo maior mercado consumidor do mundo na categoria. Portanto, entenda a diferença de cada um dos produtos que fazem parte da rotina dos brasileiros, bem como conheça os mecanismos de ação de antiperspirantes no controle do suor e maus odores. Confira!
A transpiração é uma ação natural do corpo humano que atua na regulação da temperatura corporal, mantendo-a próxima a 37ºC, para que as reações químicas necessárias à vida ocorram normalmente, além de cultivar a elasticidade e hidratação da pele. Ou seja, ela sempre existiu.
O aumento na temperatura corporal faz o sistema nervoso enviar mensagens que estimulam as glândulas secretoras do suor, que é produzido e enviado para a superfície da pele através dos poros.
As glândulas sudoríparas, localizadas abaixo da epiderme, são classificadas como apócrinas e écrinas:
Apesar dessa habilidade de transpirar até 1,8 litros por hora que permitiu ao ser humano adaptar-se a diferentes climas, os povos antigos já tinham maneiras de lidar com essa questão. Banhos diários, pastas, talcos, sabões e óleos, eram alguns dos artifícios utilizados por índios e egípcios. Os romanos tinham o truque de colocar pequenas almofadas na região das axilas.
Somente no século 19, em 1888, foi criado o primeiro desodorante. Feito nos Estados Unidos, o “Mum” (mãe, em português) era uma mistura de cera de óxido de zinco, que visava uma ação antimicrobiana. Anos mais tarde, em 1903, foi criado o EverDry (sempre seco), que conseguiu inibir a transpiração do corpo.
Antes dessas invenções, as pessoas, especialmente os europeus, costumavam utilizar altas doses de perfumes, na tentativa de amenizar o mau odor.
Se antes era um assunto tabu, hoje, essa indústria fatura milhões, com soluções inovadoras a todo momento. Mas você sabe por que o suor fede?
POR QUE O SUOR FEDE?
O suor é um líquido isotônico de pH entre 4 e 6,8 produzido pelas glândulas sudoríparas. Ele é secretado para a superfície cutânea para reduzir o pH da pele para prevenir o crescimento bacteriano.
Formado por água (99%) e sais minerais, o suor tem a importante função de manter a temperatura corporal e hidratar a pele. Quando acontece sua evaporação, o nosso organismo se resfria e consegue manter seu funcionamento normalmente.
Inicialmente o suor não apresenta odor, ou seja, é inodoro. Afinal ele é composto por praticamente água (99%), e íons como potássio, cloreto, sódio, amônio, ácidos carboxílicos de baixa massa molar, ureia e outros componentes.
O problema do mau odor ocorre no momento em que o suor entra em contato com as bactérias que vivem na nossa pele, principalmente na região da axila.
Mornas e úmidas, as axilas são ambientes ideais para a proliferação de bactérias. Esses microrganismos atuam na decomposição dos componentes do suor apócrino, produzindo compostos que exalam um odor desagradável.
O mau odor varia de pessoa para pessoa, mas as substâncias responsáveis pelo odor são iguais para todos: os ácidos isovalérico, acético, láctico, propiônico, butírico, caproico e caprílico.
É comum se referir ao mau odor como CC, abreviação para a expressão “cheiro de corpo”, muito usada no início do século 20, período em que os primeiros produtos começaram a ser comercializados com o fim específico de controlar o odor corporal.
Algumas campanhas publicitárias da época diziam que ter cheiro de corpo não era mais desculpa para falta de higiene. Afinal, o suor em excesso e a produção de mau odor representam sério desconforto pessoal, e o que queremos, na verdade, é estar em movimento com conforto, proteção e suavidade. E tais benefícios encontramos nos antiperspirantes. Veja abaixo como eles controlam o suor e os maus odores.
ANTIPERSPIRANTES PARA O CONTROLE DO SUOR E MAUS ODORES
No início do século 20 foram desenvolvidos os primeiros antiperspirantes, entretanto sua formulação continha cloreto de alumínio que causava irritações na pele, manchas e danos aos tecidos, devido ao pH das soluções aquosas desta substância.
A formulação como conhecemos hoje, foi desenvolvida e patenteado por Jules Montenier, em 1941, quando o químico resolveu o problema da excessiva acidez do cloreto de alumínio e sua irritação à pele combinando-o com uma nitrila solúvel ou um composto similar.
Por exemplo, o cloridrato de alumínio ou cloridróxido de alumínio apresentam, em suas soluções, pH mais próximo ao da pele e provocam menos danos aos tecidos. O sesquicloridróxido de alumínio também apresenta baixo grau de irritação, sendo, portanto, indicado para produtos hipoalergênicos, bem como o dicloridrato de alumínio.
Os complexos de cloridrato de alumínio e zircônio tamponados também são mais eficazes e menos irritantes que o cloreto de alumínio. Por sua vez, os cloridratos de alumínio e zircônio ativados, são ainda mais eficazes.
Apesar de serem desenvolvidos nos anos 40, somente na década de 1960 os antiperspirantes passaram a ser amplamente utilizados e nos anos 1970, a indústria desenvolveu o cloridróxido de alumínio em pó – que facilitou o uso em aerossol, devido ao tamanho reduzido de partículas – e o complexo do cloreto de alumínio com propilenoglicol, para uso em aplicadores squeeze, spray, roll-on e bastão.
Em 1978, a Food and Drugs Administration (FDA) classificou os antiperspirantes como medicamentos, pois podem afetar o funcionamento do organismo ao reduzir a quantidade de suor que chega à superfície da pele, e definiu sua venda como livre de receita médica (OTC) desde que sejam aplicados topicamente para reduzir a transpiração sob as axilas.
A função principal do antiperspirante é inibir a transpiração. Assim, as bactérias da superfície da pele não podem promover a fermentação e, consequentemente, não há ocorrência do mau odor.
Dessa forma, o mecanismo de ação dos antiperspirantes consiste em bloquear a produção do suor, formando oclusivos temporários que interrompem ou reduzem seu fluxo para a superfície da glândula écrina.
Ou seja, quando aplicamos um antiperspirante na superfície da pele, ocorre uma reação entre os ativos do antiperspirante, que usualmente são sais de alumínio, com o suor, ocorrendo a dissolução desses sais e a formação de um gel abaixo da superfície da pele, que bloqueia o duto das glândulas sudoríparas, interrompendo temporariamente a produção de suor. Para serem eficazes, os ativos antiperspirantes devem reduzir a umidade nas axilas em no mínimo 20%.
Não existem evidências de danos permanentes às glândulas sudoríparas, principalmente porque a transpiração normal recomeça logo após a suspensão do uso do produto.
As formulações de antiperspirantes são divididas em três categorias básicas:
QUAL A DIFERENÇA DE DESODORANTES, ANTITRANSPIRANTES E ANTIPERSPIRANTES?
A finalidade do desodorante, como o próprio nome diz, é desodorizar, ou seja, acabar com o odor. Assim, se você é uma pessoa que não transpira muito e quer apenas diminuir o odor desagradável, um desodorante pode resolver os seus problemas.
O desodorante possui substâncias químicas em sua formulação como o triclosan, por exemplo, que são capazes de inibir o crescimento das bactérias na pele, mascarando assim o cheiro ruim.
Dessa forma, os desodorantes são produtos que diminuem o odor desagradável do suor em contato com as bactérias da pele, sem diminuir a produção de suor. Ou seja, o desodorante apenas mascara o mau odor.
Os desodorantes são classificados como produtos de grau de risco 1 e segundo o Decreto Nº 79094/1977: “são destinados a combater os odores da transpiração, podendo ser coloridos e perfumados, apresentados em formas e veículos apropriados”.
Já se você transpira bastante e gostaria de além de acabar com o mau cheiro também eliminar aquela sensação desagradável e incômoda do suor, o indicado é o uso de antitranspirantes. Eles funcionam como inibidores da transpiração e mantêm o corpo relativamente seco.
Os antiperspirantes, são indicados para combater o suor em pessoas com transpiração excessiva ou hiperidrose, uma vez que, a palavra “perspirar” significa “transpirar insensivelmente em toda a superfície”. Esses produtos são um pouco mais específicos, com fórmulas destinadas a quem de fato tem problemas com a produção de suor.
São considerados produtos de grau de risco 2, portanto é necessária comprovação de suas atividades junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O mesmo Decreto Nº 79094/1977, que foi revogado pelo Decreto N° 8077/2013 descreve os antitranspirantes como “produtos destinados a inibir ou diminuir a transpiração, podendo ser coloridos e/ou perfumados, apresentados em formas de veículos apropriados, bem como associados a desodorantes”.
Os antitranspirantes e antiperspirantes possuem a mesma função, sendo responsáveis por bloquear o ducto da glândula sudorípara impedindo a saída do suor, interrompendo ou diminuindo o fluxo. Ou seja, funcionam como inibidores da transpiração e mantêm a pele da axila seca, porém podem afetar o funcionamento do organismo ao reduzir a quantidade de suor que chega a superfície da pele.
O mecanismo de redução da sudorese não se baseia em nenhuma alteração fisiológica do organismo, mas sim em um mecanismo físico em que ocorre um bloqueio superficial, facilmente reversível após 7-28 dias sem uso, que forma uma “rolha” de natureza ácida devido ao ingrediente do antitranspirante e antiperspirante.
Os principais componentes nesse tipo de produto são os sais de alumínio, além de complexos com sais de ácidos zircônio, referidos como “ativos” no rótulo, porém, é preciso ter atenção a quantidade que será aplicada, pois o excesso pode causar irritação.
Resumidamente, nem todos os desodorantes têm ação antitranspirante, mas a maioria dos antitranspirantes tem também ação desodorante, porque eles também contêm substância que mascaram o odor.
Veja também “MICROBIOMA DA PELE”.
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