MICROBIOMA DA PELE

Você sabia que um centímetro quadrado de pele pode conter até um bilhão de microrganismos? Essa complexa comunidade de microrganismos colabora para o fortalecimento de nossas defesas naturais, bem como na manutenção da saúde e a beleza da pele. Portanto, saiba mais sobre esse equilíbrio delicado e a tendência de produtos cosméticos que podem proteger, recuperar e fortalecer as defesas da nossa pele. Confira!

Desde 2007, há um crescente aumento em pesquisas sobre o microbioma humano e a contribuição de bactérias, leveduras, vírus e fungos para a integridade da barreira cutânea e a saúde do nosso organismo.

Sabe-se que alimentos que que contêm microrganismos vivos (probióticos) e os alimentos que ingerimos, mas que não são digeridas, e por isso servem de alimento para os microrganismos benéficos do intestino (prebióticos), podem melhorar o trânsito intestinal, a digestão de proteínas e o aumento da absorção de vitaminas e minerais.

E esse equilíbrio da flora bacteriana, que antes era um conceito comumente associado às áreas de alimentos e bebidas, atualmente está cada vez mais presente no universo dos cosméticos, com produtos com ação prebiótica, probiótica e pós-biotica, que tem como benefício reequilibrar e proteger a flora cutânea ou microbiota.

Mas o que seria essa microbiota ou microbioma, cuja ruptura pode nos deixar vulneráveis a infecções e predispostos a condições inflamatórias?

 

MICROBIOMA DA PELE

 

A flora cutânea, que pode ser chamada de microbioma ou microbiota, consiste em um conjunto de microrganismos como bactérias, leveduras, vírus e fungos que estão presentes no corpo humano e recobrem toda a pele.

Esses microrganismos têm como função ajudar na digestão de alimentos, na metabolização de medicamentos e na modulação do sistema imunológico. Além disso, eles também produzem compostos benéficos, como as vitaminas e os anti-inflamatórios que o DNA humano não consegue produzir.

A composição do microbioma varia de uma pessoa para outra, dessa forma, assim como impressões digitais, não há microbiomas idênticos. A composição do microbioma é influenciada por fatores como herança genética, dieta, fase e estilo de vida de cada um.

A maior parte desse microbioma é adquirida no nascimento, mas sua diversidade pode ser desenvolvida ao longo da vida e está diretamente relacionada à saúde de cada pessoa. Por exemplo, crianças nascidas por meio de parto natural tendem a ter a microbiota mais diversificada do que aquelas que nasceram por cesarianas, bem como pessoas que têm animais de estimação também têm uma microbiota mais diversa.

A flora cutânea pode ser classificada como residente ou transitória, em função da capacidade de um agente biológico causar doença em um hospedeiro suscetível (patogenicidade) e da relação que estabelece com o hospedeiro.

A flora residente está presente nas camadas mais profundas da pele e é composta por microrganismos de baixa patogenicidade, que exercem um papel protetor contra infecções. Já a flora transitória encontra-se nas camadas mais superficiais da pele, pode ser adquirida por contato interpessoal ou objetos, tem potencial patogênico mais elevado, mas sobrevive por curtos espaços de tempo.

Qualquer microrganismo que tivermos contato, pode integrar a flora transitória, entretanto, os mais comuns são as bactérias gram-negativas, fungos, leveduras e vírus.

Quando uma variedade de microrganismos está devidamente equilibrados no nosso organismo, a quantidade de variantes patogênicas é reduzida, o pH ideal da pele é mantido, temos pele e cabelos saudáveis e maior imunidade às agressões dos meios externo e interno.

Porém, um desequilíbrio na composição do microbioma pode acarretar sérios problemas na nossa imunidade e colaborar para o desenvolvimento e a progressão de doenças metabólicas, inflamatórias e autoimunes.

Por isso, a indústria cosmética está apostando cada vez mais em produtos para equilibrar e proteger a flora cutânea.

 

MICROBIOMA DA PELE E OS COSMÉTICOS

 

Atualmente sabemos que o uso de medicações, como antibióticos orais e tópicos, a idade, o estado de saúde e alguns hábitos cotidianos interferem na estabilidade da microbiota. Bem como lavar a pele demasiadamente ou com produtos muito abrasivos, má alimentação, privação do sono, exposição exagerada à radiação ultravioleta e à poluição interfere negativamente nesse equilíbrio.

A junção desses fatores pode resultar em pele seca, estressada e sensível, o que favorece o envelhecimento precoce e colabora para agravar condições como acne, dermatite atópica e psoríase.

Nesse contexto, surgiram os cosméticos para os cuidados diários com a pele com probióticos, prebióticos e pós-bióticos para ajudar a reconstruir um ecossistema de pele saudável, reequilibrando e protegendo a flora cutânea.

Entenda o que são cada um desses cosméticos:

 

Cosméticos Probióticos:  São microrganismos vivos que, em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro. Dessa forma, são as próprias bactérias boas vivas que fortalecem o sistema imunológico e melhoram a absorção de nutrientes.

Essas bactérias do bem, na maioria das vezes, estão em estado latente no produto cosmético, ou seja, de forma simples, elas estão “dormindo” e “acordam” quando entram em contato com a água e os nutrientes presentes na nossa pele. Assim, a pele dá o suporte necessário para elas reforçarem a barreira de defesa da nossa pele.

Atualmente, os probióticos disponíveis para uso tópico se apresentam como bactérias inativas por liofilização e complexadas com açúcares ou como fragmentos ativos extraídos de cepas bacterianas vivas.

 

Cosméticos Prebióticos:  São componentes alimentares que incentivam o desenvolvimento e a proliferação de bactérias boas, que vivem em harmonia com os seres humanos. Eles estimulam as bactérias boas a crescerem e combaterem as ruins. Além disso, protegem e colaboram com as defesas da pele e do cabelo, devolvem a força e ajudam na recuperação da proteção imunológica cutânea.

Em sabonetes íntimos, por exemplo, o prebiótico colabora no equilíbrio e na melhora da flora vaginal, ou seja, trabalha a parte de acidez, reduzindo odor e irritação.

 

Cosméticos Pós-bióticos: São definidos como fatores solúveis (produtos ou subprodutos do metabolismo de fungos e bactérias), que liberam ativos benéficos para a pele.

 

Os cosméticos que trazem esse tipo de microrganismos (ressaltando que não são utilizados microrganismos patogênicos) exigem técnicas de alta qualidade na sua fabricação, uma vez que os microrganismos vivos podem formar colônias que danificam o próprio produto.

Além disso, um grande desafio é a seletividade dos microrganismos, pois tais composições precisam fortalecer a microbiota sem estimular o desenvolvimento de cepas ou variantes patogênicas.

Assim, as formulações devem ser equilibradas. Por exemplo: em produtos como loção hidratante, é necessário escolher o conservante correto, o mínimo que puder usar, ou o mais biocompatível e o uso de fragrâncias isentas de alergênicos.

Há inclusive a escolha da embalagem, pois se está sendo usado menos conservante, o produto é mais suscetível a se contaminar. Nesse caso, é indicado usar uma embalagem airless, que não permite que entre ar no produto. É todo um conceito pensado, desde a escolha do ativo até a embalagem final.

A tendência na indústria cosmética é descobrir como restaurar o equilíbrio adequado da pele, cujo ecossistema é formado por bactérias boas e ruins (consideradas patogênicas) que vivem na superfície e em suas camadas mais internas.

O conceito de holobionte também deverá ser explorado nos próximos anos. Vem do termo holo (tudo) e bios (vida), criado por Lynn Margulis, em 1991, para descrever a associação de organismos que são formados por micróbios e o hospedeiro (animal ou planta).  Esse conceito será base para a descoberta de novos mecanismos antienvelhecimento e mecanismos relacionados à saúde da pele.

Existem também pesquisas sobre os microbiomas de plantas e flores, onde a indústria de perfumes tem o desafio de entender o microbioma das flores usadas na perfumaria e como sua modificação pode criar novos e interessantes perfis olfativos.

Por fim, no futuro, o conceito de beleza será mais integral, considerando todas as associações que o ser humano possui com o microbioma. E veremos novas descobertas e mecanismos que incluirão novas tecnologias que melhorarão a aparência da pele e sua capacidade de se defender.

 

Veja também “COSMÉTICOS E O COMÉRCIO ELETRÔNICO EM TEMPOS DE PANDEMIA”.

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Comments

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  2. Lívia Nunes

    Olá Ana, gostaria de saber mais sobre o ácido tiolático, que foi recentemente autorizado pela ANVISA para uso em alisantes, conforme estabelecido na IN N° 220, DE 13 DE ABRIL DE 2023. Seria possível você compartilhar algumas informações sobre suas propriedades e aplicações? Agradeço desde já!

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