Para celebrar essa data tão especial, que para nós mulheres representa um dia para relembramos daquelas que lutaram por nossos direitos e recobrar as forças para lutar e vencer nossos desafios, nada melhor do que nos inspirar na história de Madam C. J. Walker, que através de seu empreendimento alcançou imenso sucesso no ramo de cosméticos com produtos para cabelos afro e se tornou a primeira mulher negra milionária na história dos EUA.
Em comemoração ao Dia da Mulher, queremos relembrar a história, falar sobre a liderança feminina e entender os atuais desafios da mulher no mercado de trabalho.
Afinal, mulheres conseguiram direitos legais na sociedade e os exercem, como o direito ao voto e mais voz na sociedade, por exemplo. Mas, vale lembrar que ainda existem muitos países em que as mulheres não possuem direitos e o respeito demandado.
Por isso, não é feminismo, não é protesto. É apenas um tema que merece ganhar destaque em toda a sociedade para que mulheres que querem progredir na empresa em que trabalham, assim como as que estão em busca de uma nova posição no mercado de trabalho e também aquelas que querem abrir um novo negócio, saiam da sua zona de conforto e tenham uma visão empreendedora de mundo.
MADAM C. J. WALKER
O que mobiliza alguém a empreender? Como nasce essa força motivadora? As razões podem ser variadas, mas um ponto de partida comum começa, em geral, com uma questão pessoal que coloca alguém diante de construir seu próprio sustento vendo oportunidades onde outros ainda não enxergaram.
E foi isso que Madam C. J. Walker fez! Foi de apanhadora de algodão a milionária, se tornando uma das primeiras mulheres negras a gerar milhões de dólares por conta própria nos Estados Unidos, ao construir um império com cosméticos para cabelos afro.
A empreendedora, Sarah Breedlove ou Madam C. J. Walker, como ficou conhecida, é natural de Lousiana – EUA e nasceu em 1867. Filha de pais escravos, foi a primeira entre os seis filhos do casal a nascer “livre”.
A abolição da escravidão nos Estados Unidos era recente e Sarah Breedlove ficou órfã aos 7 anos, indo morar com a irmã mais velha e o cunhado no Mississipi, onde trabalhou como empregada doméstica.
Aos 14 anos se casou com Moses McWillians como forma de fugir dos maus tratos e abusos sofridos pelo seu cunhado. Engravidou aos 18, tendo sua primeira e única filha A’Leila, e antes de chegar aos 20 anos ficou viúva.
Alguns anos após a morte do marido, Sarah uniu-se novamente em matrimônio, já aos 27 anos. No entanto, dessa vez, as coisas ficaram muito mais difíceis para ela. Seu novo marido, John Davis, a agredia. O relacionamento abusivo que contava com constante violência doméstica, fez com que ela fugisse para o Missouri, junto com sua filha, em 1905.
A perspectiva de vida de Sarah até aquele momento incluía, no máximo, o serviço de lavadeira, onde ganhava US$ 1,50 por dia. No Missouri, conheceu Charles Joseph Walker, vendedor de anúncios de jornais, com quem se casou em 1906 e ficou conhecida como Madam C. J. Walker.
Na época, as condições do ofício de Sarah que combinava soda cáustica, sujeira e vapor quente ao lavar as roupas causou caspa severa e outros problemas no couro cabeludo, inclusive queda de cabelo que a deixou careca.
Durante uma feira de produtos na cidade, Madam C. J. Walker conheceu Annie Molone, empresária negra dona da Poro Company, marca de cosméticos para cabelos afro, e teve sua vida mudada por completo. Ela passou a trabalhar como revendedora dos produtos especializados, no entanto, percebeu que eles não eram tão milagrosos como afirmavam.
No ano seguinte, Sarah sugeriu uma parceria a Annie, que não a aceitou. Com a negativa da chefe, ela decidiu que desenvolveria sua própria fórmula, com o intuito de criar sua linha de cuidados capilares, especialmente para mulheres negras. E foi isso que ela fez, ainda naquele ano, ouvindo seu rápido insight empreendedor.
Desenvolveu sua própria linha de produtos para cabelo com base na fórmula de Annie Molone, com uma mudança importante: a fórmula do produto. Adicionou essências para odorizar e tornar mais suave a mistura de vaselina e enxofre, além de popularizar técnicas de alisamento e pentes quentes. A mistura era perfeita para os cabelos das mulheres negras, renegados pela indústria. E foi então que resolveu mudar de nome para tornar-se o rosto de sua empresa. Sai Sarah Breedlove; entra Madam C.J. Walker.
O marido a ajudou na parte publicitária e de promoção, e ela vendia tudo em porta em porta enquanto ensinava outras mulheres negras a cuidarem do próprio cabelo. Viajou pelo país divulgando seus produtos e seu método de lavagem dos fios, que acompanhava o uso de uma pomada capilar e da escovação com pentes aquecidos.
Em 1908, a Madam C. J. Walker Manufacturing Company foi aberta. Além disso, a empreendedora fundou uma escola de beleza para empoderar, resgatar a autoconfiança e ensinar outras mulheres negras a se cuidarem. Em pouco tempo Madam viu a empresa gerar milhões de dólares, entrando para o Guinness Book of World Records.
Boa parte do dinheiro foi revertido para a filantropia, doando recursos para instituições, escolas e casas de repouso. Também criou clubes e convenções destinados aos representantes da empresa e a comunidade afro americana.
Madam C. J. Walker faleceu em 1919, aos 51 anos, mas seus discursos ainda são uma enorme fonte de inspiração. Uma mulher, negra, que vivia com os cabelos escondidos sob lenços, que se descobre ao cuidar de seus fios. Que mostra que é mais forte do que o tão enraizado machismo, que mostra que cuidar de si não é futilidade e que mudou não só a sua vida, mas de milhares de outras mulheres.
A sua história pode ser vista na minissérie produzida pela Netflix “A Vida e a História de Madam C. J. Walker”, que traz os feitos de uma das primeiras empreendedoras negras dos Estados Unidos.
LIDERANÇA FEMININA
Mesmo com uma grande predominância masculina no topo da pirâmide hierárquica das empresas, a presença feminina no mercado de trabalho está evoluindo nos últimos anos. Já é possível perceber um maior espaço para as mulheres disseminarem seu papel no mundo corporativo, contribuir positivamente no ambiente de trabalho e de negócios e, assim, produzir novos rumos ao desenvolvimento das empresas e da sociedade.
E apesar dessa linha evolutiva, ainda poucas mulheres ocupam cargos de liderança no Brasil, mesmo sendo a maioria da população e da classe trabalhadora brasileira.
Além disso, estamos vivendo em um mundo onde a tecnologia se faz presente e necessária. Todavia, o universo digital ainda está muito associado à figura masculina dos profissionais e as mulheres possuem uma menor representatividade na indústria de tecnologia, mas isso vem melhorando lentamente.
O mercado digital, em comparação ao mercado como um todo, tende a ser mais à frente do tempo e se aproxima um pouco mais da igualdade, mas ainda existe a disparidade.
O incentivo à liderança por mulheres se faz necessário. Isso não é uma guerra entre homens e mulheres, isso não é “feminismo”, nem protesto. Isso é realidade!
O papel da mulher é fundamental na sociedade, seja como mãe, esposa, filha. E sua importância na economia também é fundamental. A equidade de gêneros traz ganhos ao mercado: dá poder de consumo a um dos grupos consumidores principais.
Um ambiente profissional igualitário, diverso e inclusivo, produz resultados financeiros e não financeiros nas empresas, tais como o aumento do engajamento e satisfação dos colaboradores, reputação e reconhecimento da marca, retenção de clientes e crescimento do lucro orgânico e bruto. Portanto, os homens devem ser aliados nessa busca, em uma caminhada conjunta.
Não existe inovação onde não há diversidade e criatividade é algo que floresce onde se cultivam e respeitam diferentes visões de mundo. Portanto, é preciso olhar além do marketing e da tecnologia, e entender que todas as frentes de uma empresa/negócio têm que ter um balanceamento, pois é essencial ter um equilíbrio na busca dos melhores resultados.
As mulheres vêm conquistando espaço no mercado de trabalho, mas ele ainda está longe de ser o ideal. Para vencer os atuais desafios da mulher no mundo digital e no mercado de trabalho em si, ainda é necessário que um debate mais abrangente do papel da mulher na sociedade seja feito.
Promover discussões sobre o assunto no meio corporativo é apenas o primeiro passo para dar visibilidade aos impactos dessa questão nas empresas e desfazer equívocos que, por ingenuidade ou conveniência, vem se perpetuando há décadas.
Sabemos que transformar valores e mudar comportamentos ainda arraigados em nossa sociedade em relação ao papel das mulheres e dos homens no mercado de trabalho e na sociedade não é uma tarefa fácil, mas a solução passa pelo engajamento de todos: empresas, governo e indivíduos.
A participação e o fortalecimento da presença feminina no mercado de trabalho em posições de liderança permitem um incremento da renda familiar, com reflexos diretos nas condições de educação dos filhos e um maior envolvimento do homem no cotidiano do grupo familiar. A equidade almejada não é apenas um direito das mulheres, mas um caminho para atingirmos um país mais moderno, igualitário e democrático.
E você, mulher, quais têm sido suas experiências no Mundo do Digital? No mundo do Empreendedorismo? No Mundo dos Cosméticos? Quais desafios ainda sente que precisam ser transpostos e o que têm feito para alcançar esse sucesso?
Que a força e determinação de Madam C. J. Walker e de tantas outras mulheres nos inspire a buscar o melhor!
Feliz Dia Das Mulheres!
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