PRODUÇÃO DE CONDICIONADORES

Quer produzir condicionadores e não sabe como? Então veja as características, mecanismo de atuação, formulação e função de ingredientes para o processo de fabricação de condicionadores capilares. Confira!

Os condicionadores fortalecem o cabelo, amaciam a cutícula e reduzem a fricção durante a escovação com cabelos úmidos, o que permite que o pente deslize pelos cabelos e reduz danos mecânicos futuros.

 

 

 

Mas, o seu desenvolvimento deve ser realizado de forma consistente, levando em consideração as interações entre os materiais, suas solubilidades e polaridades, evitando assim incompatibilidades e possíveis desestabilizações de formulação durante seu prazo de validade.

É de extrema importância que o formulador conheça a legislação vigente e suas restrições, além de conhecer as características de desempenho desejadas pelo público-alvo ao qual o produto se destina.

 

CONDICIONADORES

 

Os condicionadores são emulsões catiônicas que conferem aos cabelos maciez, restauração, brilho, hidratação, diminuição do frizz, definição de cachos, entre outros atributos. De maneira genérica, um condicionador capilar é uma emulsão constituída por duas fases, uma fase aquosa e uma fase oleosa, que são aquecidas e emulsionadas para a formação do condicionador.

Os condicionadores podem ser aplicados com enxágue ou sem enxágue. Nos condicionadores sem enxágue, deve-se estar atento às concentrações utilizadas de certos agentes de condicionamento, como o cloreto de cetil trimetil amônio, que deve ser usado em baixa concentração, pois, por permanecer nos cabelos, pode causar algum tipo de sensibilização no couro cabeludo. Deve-se ainda ter cuidado na escolha do tipo de preservante, pois, como já foi mencionado, o produto permanecerá sobre os fios e, consequentemente, terá algum contato com o couro cabeludo.

Entre os tipos de produtos com características de condicionamento, estão: condicionadores capilares, máscaras de hidratação, cremes para pentear e spray desembaraçante.

 

MECANISMO DE ATUAÇÃO

 

Os condicionadores apresentam, em sua composição, tensoativos catiônicos, que são moléculas caracterizadas por uma longa cadeia apolar e por um grupo funcional polar, apresentando pelo menos um átomo de nitrogênio com carga positiva. A parte ativa da molécula dos condicionadores é um cátion (─NH3 +), como mostra a figura ao lado.

Ao lavar os cabelos com shampoo, os fios ficam eletrostaticamente carregados em razão da repulsão entre as moléculas carregadas negativamente e se repelem, embaraçando-se uns com os outros, adquirindo aspecto áspero e arrepiado. Assim, é necessário utilizar um condicionador após a lavagem dos fios.

 O condicionador apresenta, em sua composição, tensoativos catiônicos com carga positiva que “neutralizam” a carga negativa dos fios, ou seja, os íons carregados positivamente se aderem aos fios, formando uma camada uniforme com forte atração pela água. Os fios ficam mais úmidos, o que reduz a fricção entre eles, tornando-os mais fáceis de pentear devido à afinidade do condicionador com a queratina do cabelo.

 

PRODUÇÃO DE CONDICIONADORES

 

Composição

 

1 – Tensoativos

O tensoativo catiônico é o agente principal desse tipo de formulação, como os sais quaternários de amônio ou éster quat, pois é adsorvido pela superfície dos fios, garantindo a repulsão eletrostática entre eles, diminuindo a tensão superficial da água, o que origina a sensação de maciez do cabelo, além de atuar como bactericidas e auxiliar na estabilidade da emulsão.

Os tensoativos mais utilizados em condicionadores capilares são os sais de quaternário de amônio, pois conferem estabilidade à emulsão ao agirem como emulsionantes, além de proporcionar condicionamento aos fios. Entre as matérias-primas de condicionamento também estão os poliquatérnios e a goma guar quaternizada.

Os polímeros naturais catiônicos conferem desembaraço e condicionamento aos fios, pois sua estrutura catiônica faz com que sejam rapidamente adsorvidos pela fibra, reduzindo a porosidade ou formando um filme de proteção e impermeabilização, o que aumenta a resistência e a elasticidade, conferindo grande maciez e excelente condicionamento aos fios.

 

2 – Reguladores de Viscosidade

Os reguladores de viscosidade, também chamados de espessantes, auxiliam na viscosidade doando consistência ou fluidez a uma formulação e impactando na sua estabilidade, no seu sensorial e na sua aparência. Podem ser de fase aquosa ou de fase oleosa.

Os reguladores de viscosidade de fase aquosa são normalmente insolúveis na fase oleosa. São exemplos desses reguladores os derivados de celulose, como a hidroxietilcelulose, e os derivados de amido.

Os reguladores de viscosidade de fases oleosa são insolúveis em água e solúveis em óleo. Também são chamados de agentes de consistência. Exemplos desses reguladores são os álcoois graxos, os ésteres graxos e as ceras naturais e sintéticas. Entre os álcoois graxos, os de cadeia carbônica C16-22 são os espessantes mais efetivos para ganho de viscosidade e estabilidade.

 

3 – Emulsionantes

Os tensoativos não iônicos são os emulsionantes da formulação dos condicionadores de cabelo e são compostos por ésteres de glicol e glicerol, ésteres de sorbitan, polissorbatos e álcoois graxos etoxilados.

 

4 – Reguladores de pH

São substâncias utilizadas para ajustar o grau de acidez ou de alcalinidade do produto. São classificados como neutralizantes, alcalinizantes, acidulantes e tampões.

Os acidulantes mais utilizados para fazer esses ajustes na área cosmética são os ácidos carboxílicos e os ácidos hidroxicarboxílicos, e entre eles podem ser citados o cítrico e o láctico. Os alcalinizantes podem ser de origem orgânica ou inorgânica. São exemplos de bases orgânicas as alcanolaminas e o aminometil propanol, e de bases inorgânicas o hidróxido de sódio, o potássio e o amônio.

 

5 – Umectantes

 Os umectantes são substâncias higroscópicas que têm a propriedade de reter água na pele, no cabelo e nos produtos cosméticos. Entre os principais umectantes, destacam-se: a glicerina e os extratos vegetais.

 

6 – Agentes Quelantes

Também conhecidos como sequestrantes, os agentes quelantes são componentes utilizados nos produtos cosméticos para evitar problemas de estabilidade, como mudança de cor, de cheiro e de aparência.

O EDTA dissódico e o EDTA tetrassódico são os principais representantes dessa classe de matérias-primas, mas existem também os derivados de citrato e os de gluconato.  Os agentes quelantes atuam complexando e inativando íons metálicos, como cálcio, ferro, cobre e magnésio provenientes da água ou de matérias-primas da formulação.

 

7 – Preservantes

A preservação de um cosmético é obtida pelo uso de preservantes em sua formulação, o que aumenta a vida útil do produto, garantindo seu prazo de validade desde o momento de sua fabricação até chegar à casa do consumidor.

Os preservantes são regulamentados pela RDC nº 29, de 1º de junho de 2012, da Anvisa, na qual se estabelece a lista dessas substâncias permitidas para uso, suas máximas concentrações autorizadas e suas limitações.

Um sistema preservante ideal, dentro da dosagem de uso recomendada pelo fabricante e do que a legislação permite, deve apresentar as seguintes propriedades:

 

 

 

8 – Fragrâncias

São matérias-primas modificadoras de características organolépticas. O termo fragrância está relacionado a “perfume, aroma, cheiro e odor produzidos por uma substância ou por uma mistura de substâncias que pode ser de origem natural ou sintética”.

 Uma fragrância é identificada por meio de suas notas, ou seja, do odor específico de cada substância que a compõe. Seu desempenho e sua estabilidade são muito importantes para a obtenção de um produto equilibrado, e isso depende das matérias-primas que fazem parte de sua composição.

 

* Formulação Básica

Abaixo é apresentado um exemplo de formulação típica de um condicionador capilar. Nessa formulação ainda podem-se incluir extratos, corantes e outros aditivos para compor o apelo comercial do produto.

 

 

PROCESSO DE FABRICAÇÃO

 

O sucesso do desenvolvimento de um novo cosmético depende não só da escolha correta das matérias-primas que o compõem, mas também do seu processamento por meio de operações industriais adequadas.

Os processos de mistura são regidos por princípios físico-químicos e termodinâmicos nos quais ocorrem transferências de energia mecânica e de energia térmica. A eficiência da mistura dependerá do tipo de equipamento, da velocidade da agitação, do tempo de agitação e da temperatura do meio.

Os agitadores, além de realizar a homogeneização da mistura, podem quebrar as partículas sólidas, contribuindo para a produção de emulsões, suspensões e dispersões mais viscosas ou mais fluidas.

Basicamente, o processo de fabricação de um condicionador capilar consiste na mistura de uma fase aquosa e de uma fase oleosa que são aquecidas a temperatura de aproximadamente 80ºC por determinado período de tempo (formação da emulsão). Após a emulsificação, a mistura é resfriada e, na temperatura de aproximadamente 45 ºC, nela são adicionados preservantes, aditivos e perfume sensíveis a altas temperaturas, finalizando o processo.

 

Características Físico-Químicas do Produto Final

As características físico-químicas desejadas de um produto cosmético para a categoria condicionador devem atender aos seguintes parâmetros:

– pH de 3,5 a 4,5;

 – Viscosidade: depende muito do tipo de frasco no qual o condicionador será comercializado, pois o produto deve ser de fácil manuseio;

– Aspecto: emulsão cremosa.

 

Veja também “PRODUÇÃO DE SHAMPOOS”.

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Comments

  1. Patricia de Oliveira Fenner

    Olá , aconteceu choque térmico na fabricação do condicionador na base , ele ficou mole e com bolinhas tipo qualhado , tem como concertar? E qual ou quais seriam os produtos certos para usar ?

    1. Post
      Author
      Ana darezzo

      Olá Patrícia!
      Isso aconteceu porque não foi feito o aquecimento adequado da fase aquosa e da fase oleosa do condicionador. Você pode tentar aquecer novamente, mantendo a agitação. Nós temos fórmulas gratuitas no site para produção de condicionador. Depois dá uma olhadinha.

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