A QUÍMICA DO SHAMPOO – COMO OCORRE A REMOÇÃO DA SUJIDADE?

Estamos tão habituados, hoje em dia, com os produtos de limpeza e higiene pessoal que sequer paramos para pensar no que acontece quando lavamos os cabelos com um shampoo. Provavelmente, você já deve ter percebido que lavar os cabelos apenas com água não funciona, mas se você pensa que a sujeira é removida dos cabelos por causa da espuma que o shampoo faz, então não deixe de ler esse post! Não Perca!

Imagine conceder apenas três minutos para limpar e enxaguar completamente cem mil fibras capilares individuais? Hoje em dia não é tão difícil assim imaginar isso. Graças ao shampoo os cabelos e o couro cabeludo podem ser limpos gentilmente, com segurança e rapidez.  Mas nem sempre foi assim. Conheça um pouco sobre como começou o desenvolvimento dos produtos capilares!

 

 

O COMEÇO DO DESENVOLVIMENTO DOS PRODUTOS CAPILARES

 

Durante muito tempo as pessoas utilizaram misturas caseiras para limpar e cuidar dos cabelos. Na antiguidade, extratos de plantas e essências de rosas e jasmim eram usados para tratar a calvície, amaciar os cabelos e diminuir a oleosidade dos fios. Essas receitas chegaram ao conhecimento ocidental por meio dos cavaleiros que voltavam das Cruzadas, no período medieval.

Conforme foram espalhando pela Europa, esses preparados ganharam os mais inusitados ingredientes, como rã e banha de urso. Receitas excêntricas a parte, o fato é que, durante a maior parte da Idade Média, os cabelos estiveram esquecidos. Nos séculos XV e XVI eles eram comumente lavados a seco com argila em pó e depois escovados.

A origem do que hoje conhecemos como shampoo só foi possível graças ao desenvolvimento do processo de saponificação, obtido a partir da fervura de uma mistura de soda cáustica, gordura animal e óleos naturais.

Durante séculos, o sabão usado para lavar roupas era o mesmo que lavava os cabelos. O sabão em forma líquida, destinado especialmente a lavagem dos fios, foi criado em 1890, na Alemanha. Contudo, a novidade só chegou ao público depois da Primeira Guerra Mundial. Considerado artigo de luxo e usado por poucos, o produto foi batizado pelos ingleses como shampoo, em alusão a palavra hindu “champo”, que significa massagear (normalmente algum tipo de óleo, em combinação com componentes aromáticos como sândalo, jasmim, açafrão, rosa e almíscar).

O conceito de “champo” foi introduzido na Grã-Bretanha por um empresário indiano chamado Sake Dean Mahomed, em 1814. O empresário abriu um estabelecimento conhecido como “Mahomed’s Indian Vapour Baths”, na cidade inglesa de Brighton. Lá eram oferecidos banhos parecidos com os turcos, mas com massagens terapêuticas. Em pouco tempo os serviços oferecidos pela casa indiana se tornaram bastante prestigiados.

Com a disseminação das massagens capilares indianas, antes mesmo que o detergente alemão fosse difundido, a palavra “champo” já era para designar um produto preparado por cabelereiros ingleses. Nesse período, ainda no início do século XX, esses profissionais cozinhavam raspas de sabão na água, adicionando ervas e fragrâncias a esta mistura, para depois aplica-la nas cabeças dos clientes.

A partir da década de 20, com a expansão da indústria de higiene e beleza na Europa e nos EUA, os shampoos começaram a ganhar mais popularidade.

Nessa fase inicial, o produto não era muito diferente dos sabões comuns, que eram feitos a partir de gordura animal. O primeiro shampoo com base sintética chegou no mercado em 1934, com a marca Drene, da Procter & Gamble.

No Brasil, na primeira metade do século XX, muitas pessoas ainda lavavam os cabelos com sabão de lavar roupas e usavam recursos como banha de porco para deixar os fios mais fáceis de pentear.

Em 1954, a empresa inglesa D & W Gibbs, que pertencia ao grupo Unilever, lançou o shampoo “capaz de lavar em apenas uma aplicação”, sem ressecar os fios como faziam seus antecessores. Era o Sunsilk, apresentado em garrafa que durava sete aplicações ou em sachês para uma única lavagem.

No começo da década de 60, a Unilever aportou no mercado brasileiro de shampoos, com o lançamento da marca Vinólia. No início, o produto não fez muito sucesso, em parte por causa da embalagem de vidro que não era nada prática. Em 1966, o Vinólia passou a ser vendido em garrafas de plástico, em um período em que shampoos e outros itens de cuidado pessoal passaram a ser comercializados em supermercados.

Nos anos 70, quando era comum aplicar misturas caseira nos cabelos, com ingredientes como ovo, abacate e babosa, as mulheres brasileiras conheceram o creme rinse, novidade que ajudava a desembaraçar os cabelos depois de lavá-los e que seria substituída pelo condicionador nos anos 1980.

 

O QUE TEM NO SHAMPOO?

 

Os cabelos e o couro cabeludo acumulam uma grande variedade de impurezas, incluindo oleosidade produzida pelas glândulas sebáceas, células mortas descamadas, resíduos de cosméticos, bem como sujeiras do ar. Os cabelos sujos perdem o brilho, tornam-se oleosos e desenvolvem odor desagradável. Logo, produtos que permitam a limpeza do cabelo e do couro cabeludo, ou seja, os shampoos são indispensáveis.

Como os shampoos têm por objetivo a limpeza dos cabelos e do couro cabeludo, portanto, eles devem ser capazes de:

a) Limpar sem agredir os fios ou o couro cabeludo;

b) Ser de fácil enxague;

c) Ter odor e aspecto agradável;

d) Não irritar olhos e mucosas;

e) Ter apenas espuma suficiente para lubrificar o couro cabeludo e os fios de cabelo.

 

Os shampoos são formulados, normalmente, com tensoativos aniônicos (carga negativa) que fazem a remoção de sujidades e oleosidades no fio do cabelo ou no couro cabeludo; além de água, estabilizante de espuma, espessante, conservante, fragrâncias, podendo conter ou não princípios ativos (proteínas, vitaminas, etc.), entre outras substâncias que podem ser empregadas na formulação de shampoos.

 

1 – Tensoativos

A presença de um ou mais tensoativos é essencial da composição dos shampoos, cuja concentração deve ser suficientemente capaz de limpar os cabelos em toda sua extensão. Estes detergentes constituem a base de todos os shampoos.

 

2 – Água

Os shampoos precisam de grandes quantidades de água para manter todos os ingredientes dissolvidos. Normalmente, entre 45% a 75% do conteúdo do shampoo é água.

 

3 – Estabilizantes de Espuma

Apesar dos tensoativos aniônicos serem capazes de formar espuma em abundância, estabilizadores de espumas são muito utilizado nas formulações de shampoos, pois essa matéria-prima na formulação tem a capacidade de tornar a espuma mais espessa e cremosa.

A espuma é um fator psicologicamente importante no shampoo, apesar de todas as espumas serem instáveis, uma vez que as bolhas se rompem rapidamente, e não influenciarem no poder detergente do shampoo, a formação de espuma durante a aplicação do shampoo é essencial para o consumidor perceber o bom desempenho e um sensorial agradável.

 

4 – Espessante

Os espessantes ajudam a controlar a espuma final do xampu, aumentando a viscosidade. Esses aditivos impedem que os ingredientes se separem ou se concentrem no fundo da embalagem. Podem ser de dois tipos, promovendo o espessamento por processos diferentes:

 

1° Processo: Modificação da viscosidade do sistema água-tensoativo mediante adição de eletrólitos, tais como: NaCl, NH4CI, Na2SO4  ou de amidas de ácidos graxos.

 

2° Processo: Incorporação de substâncias espessantes convencionais, tais como gomas, derivados da celulose, polímeros carboxivinílicos (carbopol), entre outros. Sua adição não é sempre conveniente, pois pode se separar quando em repouso.

 

5 – Conservante

Têm como finalidade evitar aparecimento e desenvolvimento de microrganismos que provocariam alterações na formulação do shampoo, a curto e a longo prazos, tornando-o seguro para o uso.

 

6 – Sequestrantes

Eliminam reações indesejadas e estabilizam o produto. Podem ser adicionados para clarear ou desintoxicar shampoos, para ajudar na remoção de produtos que deixam um revestimento ou se acumula nos cabelos.

 

7 – Agentes Opacificantes e Perolizantes

Substâncias incorporadas com o objetivo de evitar a transparência dos shampoos lhes conferindo um aspecto cremoso. Estas substâncias dissolvidas na formulação, emulsionam ou cristalizam conferindo o aspecto pretendido.

 

8 – Ajustadores de pH

Como a maioria dos shampoos ocasiona a abertura das escamas da cutícula, devem ser usadas substâncias que permitam sua neutralização, como: ácido cítrico, ácido lático, ácido glicólico.

 

A QUÍMICA DO SHAMPOO – COMO OCORRE A REMOÇÃO DA SUJIDADE?

 

As sujidades variam com o clima, estilo de vida, tipo de trabalho, funções fisiológicas e práticas de higiene. Em geral, o sebo combina células mortas do couro cabeludo, poeira, pólen, fumaça e outros contaminantes do ambiente, formando uma camada grudenta e oleosa nos cabelos e no couro cabeludo.

Portanto, lavar o cabelo consiste em remover a sujeira com água. Entretanto, quando lavamos os cabelos, devemos eliminar tanto produto lipossolúvel quanto hidrossolúvel, ou seja, substâncias que são solúveis em óleo e água.

Contudo, a sujeira dos cabelos é tipicamente formada por substâncias como gorduras que são insolúveis em água, logo a interação água/sujeira não é muito grande, sendo difícil removê-los. Para isso é necessário um tensoativo.

Os tensoativos são substâncias com características especiais em sua estrutura molecular, pois possuem em uma extremidade da cadeia molecular um radical lipofílico (que possuem afinidade com óleo) e um radical hidrofílico (que possuem afinidade com água) na outra extremidade.

Assim, em presença de água, a extremidade amante de água do tensoativo, penetra na porção de água da interface (limite onde o óleo encontra a água). Ao mesmo tempo a extremidade que possui afinidade com o óleo, gruda nas substâncias oleosas do cabelo e da pele.

O tensoativo faz com que o óleo forme uma gota que se fixa na água e flutua para fora do cabelo e couro cabeludo. Essa gota de óleo é completamente rodeada por moléculas tensoativas, que formam uma esfera, chamada micela.

Por causa do tensoativo, essa gotícula de óleo agora é dispersa em água, dentro da micela, até que mais água a retire. Quando o cabelo é enxaguado, o óleo e a sujeira que estão grudados na água são levados embora com ela.

 

Veja também “TENDÊNCIAS EM PERFUMARIA”.

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Comments

  1. Meiryellen

    Nossa tinha 3 dias que estava pensando no assunto e várias horas procurando na internet e finalmemte encontrei as respostas aqui! Toda vez que ficava “nossa o que será que é isso…” logo a frente você já respondia! Muito obrigada, muitas bênçãos na sua vida! Por favor, continue com seu blog, me ajudou demais aposto que ajudará outras pessoas ^^

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