COMO SABER SE A ESCOVA PROGRESSIVA TEM FORMOL?

Nem toda progressiva tem formol, mas como saber se tem ou não? Veja algumas dicas que vão ajudar a identificar composições suspeitas para não adquirir e usar produtos com formol disfarçado. Cuidado!

 

Quando a embalagem da escova progressiva vem escrita sem formol, formol free, zero formol, você sente mais confiança em usar aquele produto e acredita que é um produto que não faz mal a saúde. Certo?

O formol, assim como o glutaral, é proibido em escovas progressivas e é crime fabricar cosméticos tendo essas substâncias como ativos para produtos de alisamento capilar e utilizá-los para tal finalidade.

Portanto, não existe concentração segura para que o formol e o glutaral estejam presentes em sistemas de alisamento capilar como ativo, nem tão pouco produto suave tendo o formol e o glutaral em qualquer concentração para fins de alterar ou alisar em qualquer nível, a estrutura e o formato do fio de cabelo. Eles são extremamente tóxicos e cancerígenos.

Então a escova progressiva ser sem formol não é algo para ser vantajoso em relação a outros produtos, mas sim uma obrigação de todos os cosméticos alisantes do mercado. Dessa forma, não deveria nem ser mencionado no rótulo do produto que é sem formol, porque ele é proibido, certo?

Mas somos levados a acreditar que é só uma frase meramente informativa para deixar o consumidor mais tranquilo e mais consciente do que está usando. Porém, só porque o marketing do produto afirma ser sem formol, não significa necessariamente que o produto não tenha formol.

Se conferir a composição dos ingredientes não irá encontrar o nome formol escrito ali, mas isso não isenta o risco de acabar usando uma progressiva com formol e de todos os males que pode causar.

Não estou dizendo que toda escova progressiva tem formol. De forma alguma!

Nem que todas as escovas progressivas do mercado usam substâncias ilegais e criminosas.

Mas que precisamos ficar atentos, porque pode ser que o produto não tenha formol, mas tenha glutaraldeído (glutaral) ou outra substância que quando aquecida pelo uso do secador e chapinha, libera formol em uma concentração prejudicial à saúde. Dessa forma, a liberação de formol não vai acontecer dentro do conteúdo que está na embalagem daquele produto, mas sim quando secar e pranchar os cabelos.

Então essa é uma forma do fabricante que usa o glutaral ou outra substância que libera formol para o alisamento de cabelos, não mentir para o consumidor, porque realmente o produto dentro da embalagem não tem formol, mas quando aplicado nos fios e utilizado o secador e a chapinha, aí é transformado e liberado o formol que o profissional cabeleireiro e o consumidor final respiram e se intoxicam.

Muitas vezes esses produtos não estão devidamente regulamentados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA ou quando estão o formol é adicionado em um fábrica clandestina ou não é informado que contém essa substância. E isso é crime!

Por isso veja como identificar se o formol está disfarçado em composições de alisante capilar.

Quem aprende, não depende!

Então bora lá!

 

COMO SABER SE A PROGRESSIVA TEM FORMOL OU GLUTARAL?

 

1 – Ser uma escova orgânica, uma escova ácida ou uma escova de aminoácidos não implica ausência de formol.

A primeira coisa que precisamos entender é que dizer que a escova é orgânica, ácida, de aminoácidos não significa necessariamente que é um produto sem formol.

O formol é um composto orgânico, produzido industrialmente em meio ácido e ele precisa de polimerizadores secundários como aminoácidos e proteínas para poder conseguir alisar os fios.

Então só dizer que é uma escova orgânica, uma escova ácida, uma escova de aminoácidos não representa nada em relação à presença ou ausência de algum ativo ali no produto, se tem ou não tem formol.

 

2 – Desconfie do rótulo.

Não confie em um produto simplesmente porque está escrito sem formol, formol free, Zero formol. Ele pode conter formol ou substâncias que podem ser o formol disfarçado ou variações de formol, que também são igualmente apontadores da presença de formaldeído numa composição de alisante capilar como:

 

Methanal (Metanal)

Methan 21

Oximetilenoglicol

Oxymethylene (Oximetileno)

Metileno glicol

Methylene oxide

Melamine-Formaldehyde Resin

Etilenoglicol

Methyl aldehyde (Metil aldeído)

Metaldeído

Oxomethane (Oximetano)

Formalina (Formalin)

Formalida 40

Formic aldehyde (Aldeído Fórmico)

BFV

HCHO

Metenamina

Fannoform

Formalith

Morbicid

Fyde

Ivalon

Karsan

Lysoform

Veracur

FYDE

Ou qualquer nome similar.

Esses ingredientes podem ser colocados de maneira ilícita na escova progressiva e no momento que passam por um processo térmico como o secador e a chapinha, essas substâncias que não são exatamente o formol convertem-se em formol e fazem o trabalho do formol.

 

3 – Ingredientes permitidos em concentração não permitida podem se converter em ativos tóxicos.

A Anvisa tem uma lista de ingredientes que são permitidos usar em produtos cosméticos e em qual concentração é permitido o seu uso, garantindo assim que aquela substância não causará danos a saúde humana.

Todo ingrediente liberado só é permitido ser utilizado se estiver restrito a uma determinada concentração. E a concentração permitida determina a sua atividade na fórmula daquele cosmético. Portanto, existem alguns tipos de conservantes, alguns tipos de solventes, de retentores de umidade que só funcionam com essas funções se estiverem no cosmético nas concentrações permitidas.

Então muitas vezes temos dificuldade de encontrar o ativo de uma progressiva porque tem nomes de ingredientes que em concentrações permitidas, possuem funções que não são a de um ativo alisante.

Porém, alguns desses ingredientes quando utilizados em concentrações maiores do que a permitida na fórmula de um cosmético que será submetida ao aquecimento de um secador, de uma chapinha, eles mudam a sua função e passam a serem efetivos liberadores de formaldeído, tais como:

 

Quaternium-15 (Dowicil or 1-(3-chloroallyl)-3,5,7-triaza1-azonia-adamantanechloride)

DMDM hydantoin (Glydant or 1,3-dimethylol-5,5-dimethylhydantoin)

Diazolidinyl urea (Germall II)

Imidazolidinyl urea (Germall 115, imidurea, Imidazolidinil-ureia)

Bronopol (2-bromo-2-nitropropane-1,3-diol)

Tris nitromethane (Tris Nitro)

Grotan BK

 

Alguns desses ingredientes se estiverem presente no shampoo, no condicionador, em uma máscara não tem problema nenhum, mas se estiverem em um finalizador, em um produto que alisa os fios, isso já é suspeito.

Se não tem a declaração de um ativo alisante e existe a presença desses nomes que em outro produto seria meramente um solvente, um conservante, mas está em um produto com potencial de alisamento que tem um ativo alisante que não foi declarado, tudo naquela fórmula vira suspeito, porque não se sabe quais daqueles ingredientes foram colocados naquela fórmula em concentrações indevidas, proibidas, para não funcionarem como deveriam, mas passarem a funcionar como liberadores de formol quando submetidas ao aquecimento e vão fazer mal a saúde da mesma forma.

Então só dizer que é sem formol não quer dizer que o produto é seguro.

 

4 – Desconfie do produto que não consta o ativo de forma clara.

Se ao ler a composição da escova progressiva não constar o ativo alisante, e parecer muito com a composição de um creme, de um condicionador, desconfie.  Afinal, qual é o interesse de ocultar justamente o ativo?

Porque se o ativo é legal, se é a representação tecnológica de quem vai fazer com que o resultado esperado aconteça, ele deveria estar em evidência no rótulo.

A ANVISA não só permite como é obrigatório constar todos os ingredientes presentes na formulação no rótulo do produto. É ela que determina aqui no Brasil se um ingrediente cosmético é permitido, proibido ou se está submetido à análise.

Portanto, se o ativo não está escrito de forma clara ou se falam que a ANVISA não permite colocar o nome do ativo ou que o ativo é um segredo empresarial, então não é um produto confiável.

 

5 – Verifique se o ativo é realmente um ativo de alisamento.

Ativos utilizados em dermatologia ou estética facial, corporal, não são ativos de alisamento de cabelo.

Blend de aminoácido, carbocisteína, proteínas, ácido tânico ou ácido tanínico, ácido hialurônico, ácido lático, definitivamente não são e nunca foram ativos de alisamento de cabelo.

Então se o produto diz que não tem formol, mas que é à base de aminoácido ou qualquer outro ingrediente que não é um ativo alisante, desconfie.

 

6 – Desconfie de Shampoo com tempo de pausa no Kit progressiva.

Se for preciso lavar os cabelos para fazer à progressiva, essa lavagem não precisa ser uma limpeza profunda, nem nada muito adstringente.

Agora se o modo de uso recomenda que o shampoo fique um tempo de pausa no cabelo, isso também é muito suspeito.

O pH de um shampoo tem que ser próximo ao pH fisiológico da pele, do manto hidrolipídico da pele – entre 5 e 6, mas algumas empresas infelizmente estão fazendo shampoos com pH alcalino – entre 8 e 9 – e vendendo junto com a escova progressiva.

Esse shampoo alcalino e com alto poder de adstringência que fica um tempo de pausa no cabelo vai provocar uma extração de lipídios na cutícula do cabelo, causando um forte desgaste e afetando o processo de dilatação do cabelo. Isso vai promover um melhor potencial de ação do formol, do glutaral ou de outra substância similar presente no produto destinado ao alisamento, porque quanto mais danificadas as cutículas, melhor a ação do formol no cabelo.

Então, se puder, meça o pH do shampoo com as fitas de medição de pH e não o use se o pH for alcalino.

 

7 – Cheiro e Fumaça

Outro fator que devemos nos atentar é em relação ao cheiro e a fumaça. Não necessariamente um produto sem cheiro e sem fumaça significa que é sem formol.

Alguns gases apresentam odor e cor característicos, enquanto que outros não apresentam odor ou coloração, o que dificulta sua identificação na atmosfera, bem como as ações de controle quando de um eventual vazamento.

Nesses gases que não apresentam cheiro característico ou coloração (que normalmente não sentimos o cheiro deles quando estão em vazamento), mas que são potencialmente perigosos (que tem a possibilidade de matar instantaneamente) são adicionados compostos que facilitam a descoberta da sua presença no ar.

Como por exemplo, o gás de cozinha – GLP que não tem cheiro, não é venenoso, mas é asfixiante. Devido a essa periculosidade, é adicionado ao GLP um composto a base de enxofre chamado mercaptana, que tem um odor forte e desagradável para que seja possível perceber se houver vazamento e assim evitar possíveis acidentes.

Já o formol e o glutaral, por exemplo, que são potencialmente perigosos (altamente tóxicos e podem provocar algum tipo de câncer), possuem odor naturalmente forte e característico que nos alertam que essas substâncias estão presentes no ar.

Porém na contramão da prudência, as empresas que produzem escovas progressivas com formol, glutaral ou substâncias similares, que são ilegais, estão adicionando inibidores de fragrância que conseguem mascarar com cheirinho de morango, tutti-frutti, coco, por exemplo, um pouco mais a nossa percepção de que há um cheiro de algo tóxico naquele produto. Além de inibidores de fumaça.

Então a presença ou ausência de fumaça e a ausência de cheiro não significa que o produto não tenha formol, glutaral ou similares.

Mas o formol tem um cheirinho característico, então se sentir esse cheirinho, se se sentir uma sensação esquisita na respiração, no palato (céu da boca), se der irritação nos olhos, se der vermelhidão na área da face, formigamento na extremidade dos olhos, palpitação, náuseas, tontura, vista embaçada, dor de cabeça, qualquer um desses sintomas ou outro que você desconfie, abandone o uso do produto imediatamente e procure um médico.

 

8 – Veja se o produto tem registro ativo e correto na ANVISA

Todo progressiva comercializa deve estra registrada na ANVISA. Portanto verifique se o produto está autorizado pela Anvisa e pelo Ministério da Saúde para ser comercializado no mercado.

Como?

Verifique se a embalagem do produto contém o número de Autorização de Funcionamento da Empresa (AFE) e o número do processo, que corresponderá ao número de registro do produto.

Verifique se o produto está registrado na Anvisa, acessando o link: https://consultas.anvisa.gov.br/#/cosmeticos/registrados/.

Para realizar a consulta, é preciso verificar no rótulo do produto o número do processo, número de registro ou nome do produto, além do CNPJ da empresa detentora do registro.

Dica: o número do processo sempre inicia com “25351”.

O número do processo é obrigatório na rotulagem de produtos cosméticos. Já o número de registro não é obrigatório.

E não se contenta em apenas ver que existem números de registros no rótulo do produto, consulte! Porque o número de processo também consta na rotulagem de produtos cosméticos notificados, assim muitas empresas notificam produtos alisantes de forma irregular apenas para aparentar que seu produto está regularizado na Anvisa, entretanto alisantes devem ser registrados e não notificados.

Todos os alisantes capilares, inclusive os importados, devem ser registrados. Alisantes sem registro ou notificados estão irregulares.

Mesmo estando na Anvisa o produto pode ter sido adulterado depois que tenha sido aprovado a comercialização daquele produto.

Então, use todas essas dicas que vimos e fique atento!

 

 

Referência

SOCIEDADE PORTUGUESA DE ALERGOLOGIA E IMUNOLOGIA CLÍNICA. FORMALDEÍDO

https://www.spaic.pt/client_files/files/10-formaldeido-2021.pdf

Orientações sobre alisantes. Agência Nacional de Vigilância Sanitária

https://www.gov.br/anvisa/pt-br/acessoainformacao/perguntasfrequentes/cosmeticos/alisantes

 

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