ESCOVA PROGRESSIVA: TUDO SOBRE O ÁCIDO GLIOXÍLICO

ácido glioxílico

Provavelmente você já ouviu falar em escovas progressivas a base de ácido glioxílico. Mas, afinal, o que é essa substância, o que ela pode causar, quais são os benefícios e possíveis danos? Muitas são as dúvidas em torno dessa matéria-prima inovadora para o alisamento capilar que revolucionou o setor cosmético. Por isso, iremos esclarecer todas as suas dúvidas sobre esse assunto. Confira!

A busca por procedimentos de transformação capilar vem crescendo desenfreadamente e novos ativos estão sempre surgindo, na intenção de substituir o uso do formol, que é proibido pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

 

 

Assim, depois que o formol foi proibido de ser utilizado como alisante capilar, as escovas ácidas ou escovas progressivas a base de ácidos vem ganhando novos adeptos com o passar dos anos. E um ativo que ganhou destaque por ter uma ação inovadora e revolucionária, além de ter vantagens em relação aos produtos já existentes com a mesma função, é o ácido glioxílico.

O ácido glioxílico ou ácido formilfórmico é um ácido orgânico, cuja forma molecular é considerada simples, possuindo dois grupamentos químicos funcionais muito reativos: aldeído e ácido carboxílico, de pH por volta de 1,5. O ácido é da mesma família do ácido acético (vinagre – igual a este que ingerimos salada todos os dias), ácido glicólico (o mesmo dos consultórios dermatológicos) e ácido oxálico(encontrado na natureza em frutas e vegetais).

ácido glioxílicoFórmula:
C2H2O3
Massa molar:
74,03548 g/mol
Ponto de ebulição:
111 °C
Ponto de fusão:
80 °C

O ácido glioxílico é naturalmente produzido por fungos, plantas e bactérias. Como parte vital do equilíbrio do ecossistema, o ácido glioxílico é responsável por garantir o crescimento e reprodução dos organismos.

ácido glioxílicoIndustrialmente, pode ser obtido, em grandes quantidades, a partir da reação entre duas substâncias químicas: o glioxal e ácido nítrico.

O ácido glioxílico também é bastante conhecido da indústria de cosméticos por sua função tamponante (que equilibra o pH), estando presente na formulação de mais de 800 produtos, por ser considerado extremamente seguro para os fins a que se destina.

E há alguns anos ele também possui propriedades de alisar à fibra capilar, reduzindo o volume dos cabelos, mantendo a integridade dos fios e sem danos à saúde, por isso vem sendo usado como substituto do formol em produtos cosméticos direcionados a cabeleireiros.

A Inoar Cosméticos foi a empresa que descobriu que o ácido glioxilico tinha tais propriedades alisantes e por isso, o ácido teve sua ficha técnica revisada em 2014 pela European Commission Health and Consumers Cosmetics – CosIng (entidade reguladora da Europa),sendo incluídas as funções de antiestático, ondulante e alisante capilar à matéria-prima.

Assim, a Inoar foi a primeira marca a fazer uso do ácido glioxílico para a redução de volume nos cabelos, além de exportar em larga escala para Estados Unidos e Europa, mercados reconhecidamente rígidos quanto ao controle de qualidade dos produtos que entram em circulação.

Mas o que torna essa matéria-prima tão inovadora?

Uma das razões que tornam o ácido glioxílico tão revolucionário é o fato de ser o primeiro alisante com pH ácido mais duradouro e que não danifica os cabelos. Além de promover um efeito liso e recuperar cabelos ressecados, ele também permite aspecto natural, brilhante, sela as cutículas e ainda é compatível com diferentes tipos de processos químicos.

Outra vantagem é que, quando comparado aos alisantes clássicos à base de hidróxidos, alcalinos, esta matéria-prima possui efeito superior, não sendo tão agressiva quanto os outros produtos, além de ser menos tóxica que o tiogliocolato de amônia, hidróxido de sódio e a guanidina.

Porém muitas dúvidas rodeiam o uso do ácido glioxílico. Veja abaixo as principais.

 

DÚVIDAS FREQUENTES SOBRE O ÁCIDO GLIOXÍLICO

 

1– ÁCIDO GLIOXILICO É FORMOL?

Não. O ácido glioxilico e o formol são moléculas diferentes. O formol é um aldeído simples, de fórmula molecular H₂CO e o nome oficial é metanal. Já o ácido glioxilico é um ácido orgânico, que contém os grupos funcionais aldeído e ácido carboxílico, de formula molecular C2H2O3.

De acordo com o Dr. Adriano Pinheiro, bacharel em química tecnológica, físico-química pela Universidade Federal de São Carlos, que estuda sobre o ácido glioxilico como alisante capilar a mais de 5 anos, o ÁCIDO GIOXILICO NÃO É FORMOL e o que estes compostos têm em comum são às moléculas igualmente pequenas, capazes de penetrar no centro da fibra capilar, além de trabalharem com mecanismo de ação similares, mas uma substância é diferente da outra.

 

2 – O ÁCIDO GLIOXÍLICO LIBERA FORMOL?

Não. A concentração do ácido glioxílico contido nos produtos cosméticos é consumida durante o processo reacional de alisamento.

Para que, de fato, haja liberação de formol é preciso que o ácido seja aquecido a uma temperatura igual ou superior a 500ºC e esteja em um ambiente sem presença de oxigênio.

Alguns estudos já determinaram que o formaldeído liberado após o uso do ácido glioxílico em temperaturas altas não seria prejudicial à saúde, porque ele é liberado em teores baixíssimos, as vezes em quantidades equivalentes a existente no próprio ar. Outros estudos apontam valores de formaldeído após a decomposição do ácido glioxílico abaixo da estabelecida pela ANVISA.

Outro fator importante de ser pontuado é que, no processo de alisamento da escova progressiva a base de ácido glioxilico, o ácido em si, em sua maioria, não é submetido ao calor da prancha ou secador, uma vez que o produto é enxaguado para só depois os fios serem escovados e pranchados. Além do mais, a prancha térmica, geralmente, trabalha entre 180°C e 230°C, logo o calor fornecido não seria suficiente para a decomposição do ácido glioxilico.

Dessa forma, o que restaria do produto após o enxágue seria apenas uma pequena quantidade residual que fica aderida a superfície do cabelo, que pode se decompor durante a etapa de aquecimento, gerando traços de formaldeído que não acarretam impactos toxicológicos significativos, estando abaixo dos limites de tolerância estabelecidos pelas instituições reguladoras. Ou seja, não causa danos à saúde.

 

3 – ÁCIDO GLIOXÍLICO FAZ MAL À SAÚDE?

O ácido passou a ser conhecido e até mesmo polêmico no final de 2013, após a veiculação de uma reportagem em que o uso da substância foi questionado para determinadas situações. Desde então criou-se uma mística em torno do ácido glioxílico, e várias teorias sobre a utilização do ácido se popularizaram, acabando gerando desinformação e desconfiança.

Alguns estudos indicam que a transformação de ácido glioxílico em formol começa em 500ºC e atinge o ponto ideal em 652ºC. É uma temperatura que nunca será usada no consumidor final, pois além dessa temperatura já deixar nossos cabelos no chão, a prancha para alisar os cabelos chega apenas a uma temperatura pouco maior de 200ºC.

Mas para a transformação ocorrer, também é preciso um outro cenário: uma pressão próxima ao vácuo absoluto. Neste cenário, uma pessoa submetida a tal pressão teria o olho para fora da órbita e morreria em cerca de 20 segundos.

E mesmo após o processo reacional de alisamento, onde a concentração do ácido glioxílico é consumida, e o enxague dos fios antes do processo térmico, se ainda houver a decomposição do ácido em formol, a quantidade é tão pequena (apenas traços), que não causa qualquer dano à saúde.

 

4 – A ANVISA PROIBIU O USO DO ÁCIDO?

Não. A ANVISA não proibiu, mas ainda está em processo de avaliação.

Portanto, apesar de já reconhecido com a função de alisante e condicionador de cabelos, além de ajuste e tamponante de pH na Europa e Estados Unidos, o ácido glioxílico, presente no banco de dados do COSING (COSmeticsINGredients) – União Europeia e CIR (Cosmetic Ingredient Review) – Estados Unidos, ainda se encontra em avaliação aqui no Brasil pela ANVISA.

As entidades de classe já encaminharam um dossiê e estão trabalhando junto aos principais órgãos reguladores e governamentais para que seja elaborada uma regulamentação específica, o que protegerá tanto o fabricante quanto o consumidor e o cliente.

E a Inoar Cosméticos, por ser pioneira no lançamento do alisamento capilar com esta matéria-prima, contribuiu com o Grupo Técnico de Trabalho criado pela Associação, colaborando com o envio de documentos e estudos técnicos que demonstram a eficiência do Ácido Glioxílico, na função.

 

5 – COMO ÁCIDO GLIOXILICO AGE NOS CABELOS? ELE ALISA MESMO?

Estudos e pesquisas têm comprovado que o ácido glioxílico é utilizado como um relaxante capilar, promovendo um tratamento químico com pH ácido, na faixa de 1,0 a 1,5. É um composto de menor peso molecular contendo as funções orgânicas: ácido carboxílico e aldeído. Essa combinação promove uma excelente reatividade do aldeído e baixa volatilidade tornando-o mais seguro em manipulações.

Sendo um composto com estrutura molecular pequena, permite que o aldeído tenha acesso a centros reativos do cabelo, atacando o nitrogênio das substâncias proteicas formando novas pontes salinas, permitindo um novo rearranjo no formato dos cabelos.

Assim, o processo de alisamento ocorre pela imersão do cabelo no meio ácido, que provoca alterações químicas significativas na estrutura dos aminoácidos, pela reação entre o radical aldeídico com os grupamentos amínicos e pontes dissulfeto que, após enxágue e associado ao calor 180°C a 230°C, origina uma estrutura biopolimerizada de característica hidrofóbica, conferindo o efeito de alisamento ao cabelos, ou seja, uma estrutura que resistente à umidade e que preserva o liso do fio ao longo do tempo.

 

6 – CARBOCISTEINA E ÁCIDO GLIOXÍLICO SÃO A MESMA COISA?

Carbocisteína e ácido glioxílico não são a mesma coisa, porém podem estar juntas em uma escova de redução.

A carbocisteína é um derivado do aminoácido L-cisteína, que faz parte da fibra capilar e compõem a queratina natural dos fios. Ela garante maior fortalecimento dos fios, maior vitalidade, protege a fibra capilar e retém água, diminuindo o ressecamento dos fios.

Quando associada ao ácido glioxilico, ela quebra a ligação dissulfídica de forma simétrica, enquanto o ácido glioxílico provoca rearranjos conformacionais, que ocorrem principalmente no interior da fibra capilar. Então, por si só, a carbocisteína não modifica os fios, por isso é comum sua associação com o ácido glioxilico.

 

7 – O ÁCIDO GLIOXÍLICO ALTERA A COR DOS CABELOS?

De acordo com a literatura, para que o ácido glioxílico altere a cor dos fios deve-se ter contato com temperatura igual ou superior a 200°C, porém em sua maioria das vezes o ácido não tem contato com a temperatura, já que o produto é enxaguado dos fios antes da utilização de secadores e pranchas, sendo assim a alteração NÃO acontece.

 

8 – TEM COMPATIBILIDADE COM OUTRAS QUÍMICAS?

Sim. Tem compatibilidade com todas as químicas, tioglicolato de amônio (com algumas restrições),hidróxido de sódio, hidróxido de cálcio, hidróxido de guanidina, coloração e descoloração. Somente não é recomendado a associação a outros produtos que contenham metais em sua composição.

 

ácido glioxílico

Porém, é sempre interessante fazer a prova da mecha. É preciso ver a compatibilidade nos cabelos e ver se não haverá quebra, queda química ou enfraquecimento dos fios. Lembrando que o cabelo deve estar saudável e com elasticidade suficiente para aguentar o processo de escovação e prancha depois do uso do produto no cabelo, pois este fica mais pesado e pode vir a romper, caso não esteja saudável.

Dica: Antes de aplicar qualquer produto, o cabelo precisa estar preparado para recebê-lo. Isso porque a maioria dos alisamentos, e também a descoloração possuem componentes que alteram a estrutura do fio, e isso acaba com a proteção e integridade do mesmo. A melhor forma de evitar cabelos extremamente secos, danificados, quebradiços e porosos é deixar o cabelo forte e resistente para receber os ativos da química.

 

9 – QUAL A DURABILIDADE DO ÁCIDO NOS FIOS?

A durabilidade fica em torno de 45 a 60 lavadas do cabelo, em média 3 meses. Lembrando da importância da linha de manutenção para manter a saúde do fio.

 

10 – PODE RELAXAR, ALISAR, COLORIR OU DESCOLORIR NO MESMO DIA DA APLICAÇÃO DO ÁCIDO GLIOXÍLICO?

Não é recomendado colorir, descolorir, alisar ou relaxar no mesmo dia. Pois esses procedimentos são de pH muito alcalinos e quando associados ao ácido glioxílico de pH muito ácido, no mesmo dia, acabam danificando a fibra, por isso a importância do intervalo de 15 dias, isso fará com que o cabelo recupere sua vitalidade para passar por uma nova transformação.

 

11 – QUAL O TEMPO IDEAL PARA REAPLICAR O ÁCIDO GLIOXÍLICO?

Recomenda-se um prazo mínimo de 60 dias para que o ácido glioxílico seja reaplicado, já que seu pH é ácido em torno de 1,0 a 1,5, que acontece intumescimento da fibra, fazendo com que fio necessite de um intervalo para que esteja totalmente estabilizado. Recomenda-se que, neste período, o cabelo seja submetido a tratamentos de hidratações, reconstruções e umectações para que se mantenha o movimento dos fios.

 

12 – O ÁCIDO GLIOXILICO PODE SER UTILIZADO EM GESTANTES E CRIANÇAS?

Segundo a ANVISA nenhum tipo de formulação que confira alisamento nos fios deve ser aplicado no cabelo de crianças e gestantes.

 

13 – QUAIS OS CUIDADOS QUE DEVEMOS TER NA APLICAÇÃO DO ÁCIDO GLIOXÍLICO?

Fazer o uso de luvas, respeitar a distância de 1,0 cm do couro cabeludo na aplicação do produto, pois trata-se de um produto ácido e, tanto o couro cabeludo quanto as mãos, estão em uma escala de pH diferente da que se encontra o produto.

Não alisar, relaxar, colorir ou descolorir no mesmo dia da aplicação do ácido glioxílico. Aguardar um intervalo mínimo de 15 dias para, depois, proceder com outras químicas.

Fazer o teste de mechas antes do uso da escova progressiva com ácido glioxílico, tanto para garantir um sucesso na aplicação do produto, como para assegurar que quem for usar esse tipo de escova não tem alergia a nenhum componente químico do produto.

Desmitificamos várias coisas sobre o ácido glioxílico para alisar o cabelo. Agora, você já sabe que se usado corretamente e nas quantidades certas, este ácido pode ser inofensivo ao cabelo e a saúde.

 

Veja também: TESTE DE EFICÁCIA EM PRODUTOS COSMÉTICOS

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Fonte: Inocência Manoel – Fundadora INOAR Cosméticos

Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa Publicado em 21/09/2020 00h00 Atualizado em08/12/2020 12h09 https://www.gov.br/anvisa/pt-br/acessoainformacao/perguntasfrequentes/cosmeticos/alisantes

Portal Guia de Salões – https://www.youtube.com/watch?v=fPJYowLH35A

 

 

Comments

  1. LUZIANA SARAFIM DA SILVA

    Boa noite!
    Preciso de uma informação sobre o ácido glioxilico, esse produto só fazemos o uso dele só ele mesmo ou eu posso fazer uma mistura dele com uma progressiva sem formol.

    1. Post
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      Ana darezzo

      Olá Luziana!

      Normalmente o ativo alisante que usamos em escovas progressivas sem formol é o próprio ácido glioxilico.
      O ácido glioxilico não é utilizado somente ele nos fios, mas sim em uma formulação de escova orgânica, ou escova progressiva sem formol. E não misturamos dois ativos alisantes em um mesmo produto, porque pode ocorrer incompatibilidade química.

    1. Post
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